sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Anos-luz

Parente só é bom longe.

Divagação pelo reino dos nomes

Adriano de Paula Rabelo


João Cabral de Melo Neto inicia seu poema narrativo “Morte e vida severina” com o protagonista-retirante explicando quem é e a que vem. O definidor essencial de seu destino é o nome: Severino. Tanto que ele se transforma em adjetivo para qualificar justamente sua morte e sua vida, os constituintes fundamentais do destino de cada um. Em realidade, Severino é muito mais uma categoria de pessoas do sertão nordestino cuja triste destinação infelizmente permanece atual. Como diz o personagem do poeta pernambucano: “E se somos Severinos/ iguais em tudo na vida,/ morremos de morte igual, mesma morte severina:/ que é a morte de que se morre/ de velhice antes dos trinta,/ de emboscada antes dos vinte,/ de fome um pouco por dia.” Portanto, um Severino é alguém que carrega toda uma carga de miséria, sofrimento e injustiça, quando não na própria pele, ao menos como herança trágica do flagelo que há séculos assola aquela região do país.

Como muito bem percebeu João Cabral, cada nome contém em si um destino (ou, no caso da literatura, cada destino exige um nome adequado para se realizar). Jamais se viu um deus chamado Zequinha, herói chamado Leleco, um imperador chamado Gleidson ou uma embaixatriz chamada Lurdinha. Um deus há de ser Apolo, Shiva ou Emanuel; um herói, Odisseus, Beowulf ou Roland; um imperador, Alexandre, Augusto ou Montezuma; uma embaixatriz, por fim, há de ser Catarina, Margareth, Valentina... Uma beldade que se chamasse Neide – e não Helena, Beatriz ou Charlotte – jamais inspiraria guerras, poemas imortais e suicídios.

De Otto Lara Resende, Manuel Bandeira dizia que, com esse nome, ele já estava talhado para a glória em qualquer campo de atividade em que atuasse. Nosso grande poeta parnasiano se orgulhava de seu nome-alexandrino-perfeito: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. Molière, por sua vez, nomeou de forma muito adequada um hipócrita e falso devoto: Tartufo, palavra até mesmo sonoramente sugestiva de suas qualidades. E Shakespeare foi preciso ao dar o nome de Iago ao canalha intrigante de uma de suas tragédias.

Conforme a mística judaica, Deus tem setenta e dois nomes, tendo iniciado sua criação justamente pronunciando os nomes das coisas. Já na tradição islâmica, Alá tem noventa e nove nomes. E no Mahabharata, Krishna recita uma lista de 1008 nomes de Shiva e de Vishnu, os dois principais deuses da mitologia hindu.


Os 72 nomes de Deus na Árvore da Vida - cabala mística


Um quê de mistério possuem os nomes palindrômicos, aqueles que preservam a mesma forma quando lidos da esquerda para a direita e vice-versa, como Otto ou Ana. Entre os incas tais palavras funcionavam como marca de soberania, pois seus reis eram os únicos cujos nomes eram palíndromos, tais como Capac. E nos Estados Unidos registra-se um casal do meio-oeste do país que batizou os sete filhos com nomes assim: Noel Leon, Lledo Odell, Lura Arul, Loneya Ayenol, Norwood Doowron, Lebanna Annabel e Leah Hael.

Curiosos são os nomes líricos, infantis dos traficantes de drogas brasileiros, que parecem saídos de um poema de Casimiro de Abreu: Escadinha, Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP, Robinho Pinga, Lambari, Sapinho, Claudinho da Mineira, Marcola... Nem parece que fazem o que fazem... Ou talvez esses nomes funcionem como um meio de amenizar o que fazem... Ou de lhes proporcionar personalismo e simpatia no âmbito das comunidades em que atuam.

A vigência dos nomes obedece a modas e tendências no tempo e no espaço. Na época da grande influência francesa no Brasil, eram muito comuns entre os filhos das nossas elites os Pierres, os Jeans, os Victor Hugos, as Emanuelles, as Alines, as Juliettes. Mais tarde, assumindo os Estados Unidos o topo da rapinagem política e cultural no mundo, ocorreu o advento dos Washingtons, Wilsons, Flanklins, Lincolns, Kennedys – sobrenomes de homens importantes na história daquele país – e mais recentemente, com a onipresença da cultura de massas, os Michaels (ou “Maicons”), os Roberts, as Jéssicas, as Sharons, disseminados por todas as classes sociais. Pertencendo a uma língua de fonética tão diferente da brasileira, é claro que tais palavras estão completamente fora do lugar. Essas tendências dariam todo um interessante estudo sociológico de nossa abusiva permeabilidade ao estrangeiro prestigioso.

Quanto às tendências espaciais, verifica-se no Nordeste, por exemplo, a cultura de nomes um tanto esdrúxulos, formados por parte do nome do pai e parte do nome da mãe: Cidimar, Francislu, Adaulino, Josenilda, Paulicleide, Alciwando... Só pode haver simpatia por tamanha criatividade, ousadia, originalidade e coragem!

Lembro um personagem de Machado de Assis chamado Deolindo Venta-Grande, um marinheiro mal-sucedido no amor. Também... com esse nome!

Num país de tão forte tradição católica, nomes de santos ou bíblicos sempre estiveram em evidência, sendo os mais comuns entre nós. Daí a permanência e a difusão de José, João, Francisco, Pedro, Maria, Paula, Teresa...

Óbvio que a formação predominantemente latina também havia de produzir outros de nossos nomes mais comuns, como Antônio, Júlio, Marcelo, Laura, Fabiana, Lúcia.

O nome é uma espécie de farol da pessoa pelas veredas da vida. Sintetiza um ser, contém um destino, abre ou fecha portas. Tanto que aqueles que não gostam de seus nomes de batismo sempre tratam de trocá-los judicialmente ou disseminam um apelido que amenize suas dissonâncias e más evocações semânticas. E tanto mais que a Justiça contemporânea proíbe os pais de batizarem seus filhos com nomes degradantes ou ridículos. Portanto, se por longo tempo muitos esforços resultam infrutíferos, se o fracasso ou a decadência já vão corroendo uma trajetória, talvez seja chegado o momento de se mudar de nome a fim de se forjar outro destino.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Espelho

Ser louco é ser tratado como louco.

Tempo evaporado

Adriano de Paula Rabelo


Em sua obra monumental, o escritor francês Marcel Proust mostra que o tempo, na medida em que avança, é “perdido”, pois o passado jamais poderá ser recuperado na sua completude. Na memória, os acontecimentos e os processos que fazem parte de uma existência individual ou coletiva são revisados sempre à luz das experiências posteriores do indivíduo ou da coletividade. A partir de determinadas referências, fazemos uma releitura que seleciona o que merece ser lembrado e construímos uma explicação que dê sentido ao nosso percurso. Portanto, em vez de proporcionar uma descrição objetiva do passado, a memória o reinventa com grande carga de subjetividade e afetividade. Desse modo, ao relembrar, por mais objetivos que tentemos ser, contamos não exatamente o que se passou, mas fornecemos uma interpretação do que se passou. Isso se dá tanto no âmbito dos relatos da experiência individual quanto coletiva. Por isso, assim como consideramos um fato marcante de nossa biografia de maneira diferente em diferentes momentos de nossa trajetória, a história coletiva será sempre relida pelas novas gerações, a fim de que se possa construir novos sentidos para as novas realidades do tempo presente. Tais são as possibilidades do tempo recuperado ou redescoberto.

Nesta época de esgotamento da moderna ideologia do progresso infinito e da espoliação da natureza – que conheceu seu auge no decurso do século XX –, mais que nunca as últimas gerações têm de se haver com o problema do tempo. Muitas paisagens têm sido substituídas, muitos acontecimentos têm se atropelado em barafunda, muita gente tem passado brevemente por nosso convívio... O corrido estilo de vida atual, em que a velocidade e as estatísticas tornaram-se um valor em si mesmas, faz com que o tempo esteja em constante evaporação. A fugacidade das experiências não permite que muita gente viva de modo mais denso e construa laços e valores duradouros. Com isso, muitos atravessam a vida sem saber bem o que querem, eternos indecisos e insatisfeitos, temerosos de suas escolhas, perdidos num limbo de inúmeras possibilidades.


A Via-Láctea


Que leitura fazer de um passado que se fundamenta no vazio do tempo evaporado? Claro que a brevidade também pode ser significativa. Aliás, os momentos perenes em geral são apenas isto: momentos. Neles, seja pela intensidade, seja pela conjunção de acontecimentos diversos ou a culminação de processos, seja pela repercussão de seus desdobramentos, a eternidade se pronuncia. O que faz do tempo evaporado algo debilitante são o temor da profundidade e do comprometimento, o barateamento e o constante prosaísmo da vida. Atualmente há uma espécie de difuso horror às grandes personalidades, aos projetos de uma vida inteira, às lentas conquistas do conhecimento. Poucas coisas são construídas para permanecer, e tudo vai sendo destruído e refeito de forma um tanto esquizofrênica. Assim, no avançar do tempo, que coisas recuperar, que perenidade redescobrir?

Somos, sim, finitos e de vida curta, mas trazemos na alma, como uma condenação, a ferida crônica e incurável da eternidade. Por isso criamos Deus e o amor, a arte e os mitos, os heróis e os santos, os monumentos e as glórias. Essa existência em dissipação hoje em voga – despida de utopias, avessa à grandeza e encharcada de mediania – é a própria desumanização. Sem densidade de vida não se faz um homem e sim um bicho, uma planta, um fenômeno natural qualquer. O tempo evaporado nada mais é que uma expressão da própria humanidade que se desvanece.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Aliança

O matrimônio se casa ao patrimônio.

Natal venal

Adriano de Paula Rabelo


Aí está mais um Natal, esta epifania dos vendedores. Todo ano é a mesma coisa: tudo se mede pelo metro do aumento de produção, do volume de vendas, do percentual de superação das marcas do ano anterior, das multidões que abarrotam a rua 25 de Março, no centro de São Paulo, em busca de quinquilharias. É tempo de promoções, crédito, descontos, prêmios, uso do décimo terceiro salário, facilidades de pagamento – essas musas do chamado marketing “agressivo”. Os shopping centers, essas catedrais da classe mediana, fervem.

Por todo lado, no verão tropical, a estapafúrdia figura de um velho finlandês em trajes de inverno anacrônicos inclusive em seu próprio país, transportado por trenó e renas, expectorando uma risada bobalhona. E como complemento a decoração de um kitsch miserável, agora toda fabricada por semi-escravos nos cafundós da China: cordas de luzinhas coloridas, imitações de árvores aparentemente originárias da Floresta Negra, dos Alpes ou talvez da Taiga Siberiana onde se penduram bolas coloridas e uma estrela aberrante, guirlandas de galhos ressecados ou flores igualmente fakes pelas portas, sininhos de plástico ou delineados pelas ruas em gás néon. E para arrematar, as musiquinhas irrespiráveis, os cartões horrorosos, as mensagens-clichês.


Uma história distante


Na noite de Natal propriamente, os perus e os leitões assados, a glutonaria e a bebedeira, o amigo oculto simulando harmonia e união entre parentes que se detestam. E as crianças, aprendizes precoces do credo consumista, ávidas por receberem sua presentalhada desvinculada de qualquer atitude criativa, de qualquer valoração afetiva. No fim dessa noite infeliz, quando ela é atravessada sem bate-bocas, choro, ameaças, sentimentalismos constrangedores e outras inconveniências, advém o vazio existencial daquilo que as mercadorias e a pose pseudofeliz jamais poderão preencher: o verdadeiro encontro entre as pessoas, que não tem data marcada no calendário. E no dia seguinte todos retomam seus azedumes e violências, cultivam sua santa reclamação da insegurança e da desagregação social, rugem contra seu trabalho e exalam sua insatisfação com o país, com a vida.

Que relação haverá entre essa baboseira toda e a história de um longínquo menino pobre, filho de pais marginalizados que há vinte séculos fugiram do Egito, a fim de ele não fosse degolado? Um menino que acabou nascendo pelo caminho, num estábulo qualquer, tendo por berço a manjedoura onde comiam vacas e cavalos! Um menino saudado logo depois por três Reis Magos que lhe trouxeram presentes muito especiais, tal como convém a um Deus!

O frenesi consumista, o convencionalismo sazonal, o cenário norte-europeu de mau teatro amador, o esvaziamento da lenda de São Nicolau, a desova da indústria de brinquedos e os transbordamentos de fim de ano em meio à contida segurança pequeno-burguesa reatualizam em tudo, a cada ano, a anti-história do menino-deus. Onde se encontram – nessa agitada pasmaceira, nesse alegre desespero – qualquer esboço de redenção e salvação? Que sentido terá esse recomeço do mesmo?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Alcatra

Açougue é joalheria de cão.

O malandro ambivalente

Adriano de Paula Rabelo


O malandro é uma personalidade originária da ordem escravista que tem atravessado séculos e demonstrado excepcional capacidade de adaptação aos novos contextos históricos e sociais no Brasil. Sua forma primitiva é a figura do agregado, sujeito livre mas pobre que vivia à sombra dos grandes senhores. Sem exercer uma função econômica na sociedade, já que não possuía propriedade nem trabalhava, pois quase todos os serviços eram executados por escravos, o agregado vivia de favor na casa ou nas terras de um senhor de quem dependia e a quem devia absoluta gratidão. Óbvio que, nessas circunstâncias, o agregado desenvolveu marcantes especificidades no seu modo de ser e de agir. Seu universo era fortemente marcado pelo paternalismo, o apadrinhamento, o personalismo e a informalidade.

No ensaio “Dialética da malandragem”, Antonio Candido interpreta o romance Memórias de um sargento de milícias como uma excelente representação do malandro brasileiro em seu nascedouro. Na obra de Manuel Antônio de Almeida, que o crítico considera o primeiro romance tipicamente nacional, o protagonista Leonardo Pataca transita o tempo todo entre a norma e infração, entre um modelo idealizado de comportamento condizente com os princípios do Estado e da sociedade modernos e os desvios geralmente relacionados às organizações arcaicas.

Já num estudo publicado em 1979, o antropólogo Roberto DaMatta identifica três figuras paradigmáticas na sociedade brasileira, cada uma delas associada a um acontecimento comunitário específico. A primeira delas é o “caxias”, personalidade autoritária que concebe o mundo através da rigidez das hierarquias, das leis e da burocracia. O acontecimento com o qual se identifica em profundidade é o desfile militar. A segunda figura paradigmática é o “renunciador”, aquele que se desapega dos bens materiais e dos prazeres do corpo em nome da fé, seja religiosa, seja política, seja ideológica. Associa-se muito proximamente às procissões. E, por fim, a terceira dessas figuras é o malandro, ser essencialmente marcado pela flexibilização e pela inversão, opondo-se tanto à rigidez das normas e hierarquias como ao ascetismo da fé. Socialmente deslocado, portanto, o malandro não se enquadra na ordem estabelecida, mas também não pretende contestá-la e subvertê-la. Associa-se diretamente ao Carnaval. Para DaMatta, em geral assumimos, em diferentes ocasiões da vida, a persona de uma ou outra dessas figuras.

Nossa formação histórica, com classes sociais radicalmente cindidas não apenas dos pontos de vista econômico e cultural mas também em relação aos direitos e deveres, criou uma distância imensa entre os ricos, que se posicionam acima das leis e possuem a prerrogativa de poder transgredi-las e cometer toda sorte de abusos, e os pobres, que para sobreviverem muitas vezes são obrigados a lançar mão de expedientes para burlar a burocracia e as leis feitas para mantê-los à margem dos princípios democráticos e cidadãos. Daí a controvérsia em torno de certas criações do nosso processo histórico, tais como o “você sabe com quem está falando?” e o chamado jeitinho brasileiro, duas expressões da malandragem que sempre tiveram enorme espaço em nosso jogo social.


Elenco da peça Ópera do malandro, de Chico Buarque, montagem de 2003


O malandro, portanto, é aquele que, posicionado em qualquer lugar na escala social, desvia-se da lei e da regra sem contestar o status quo. Figura ambígua, fruto de uma estrutura formada por privilegiados e desfavorecidos, de um sistema que não conseguiu generalizar o trabalho assalariado e os direitos civis, ele provoca, em geral, um misto de simpatia e revolta. No âmbito popular, o malandro valida seus pequenos golpes como necessários para a sobrevivência ou como uma vingança contra as condições a que está submetido. Se não há emprego nem meios para se ganhar a vida pela via da honestidade, a única alternativa é viver de expedientes, muitas vezes compondo o front dos exércitos montados pelos grandes traficantes, contrabandistas e exploradores da pirataria, do jogo, do latrocínio. Afinal todos estão reduzidos a consumidores, tendo de cavar a qualquer custo o meio para se poder adquirir as mercadorias que uma publicidade avassaladora vive garantindo serem absolutamente necessárias para se alcançar automaticamente a felicidade. Instaurada a filosofia do “salve-se quem puder”, portanto, o capital parece haver conseguido sobrepujar as utopias e as reivindicações coletivistas. Por outro lado, não deixa de provocar uma admiração positiva a astúcia do malandro para sobreviver na adversidade e mesmo para gozar luxos e prazeres à custa de seu necessário complemento, a figura do otário, muitas vezes alguém pertencente à casta privilegiada.

Já no âmbito dos abutres da política e dos grandes negócios, o malandro nem precisa justificar a ilegalidade, cônscio que está de sua invulnerabilidade. Afinal é para o bem de suas mansões, de sua cidadania mundial, de seus carrões importados, de suas lindas amantes e de seus relógios Rolex que continuamos a trabalhar, a pagar impostos e a manter a fé em que “dias melhores virão”. Aqui os otários somos todos os que cumprem honestamente com seus deveres e sustentam um Estado que não oferece retorno de nossas contribuições na forma de boa qualidade de vida. Também esse “malandro federal”, tal como o classifica Chico Buarque numa peça de meados da década de 1970, gera reações ambivalentes. Por um lado é execrado como larápio dos meios para a promoção do bem público; por outro, tendo em vista os padrões hoje consagrados para aferir o êxito pessoal de alguém, são admirados por sua acumulação de capital, por viverem luxuosamente e por sua proeminência nas colunas sociais.

Para nosso bem e nosso mal, esse personagem paradigmático de nossa formação histórico-social há de permanecer ainda por muito tempo, reatualizado todos os dias, em todos os lugares. Somente a construção de um Estado muito mais eficiente que esta farsa que temos, com um mínimo de igualdade de oportunidades para todos - sem nossas disparidades sociais gritantes -, o império das leis, uma educação qualificada e amplamente disseminada, além do espaço para a valorização do mérito individual, o malandro um dia poderá se tornar obsoleto. Mas tudo indica que ele ainda atravessará os próximos séculos, sempre se renovando para se adaptar às novas leis, aos novos costumes, às novas tecnologias.