sexta-feira, 6 de abril de 2007

A melhor seleção brasileira que vi jogar

Adriano de Paula Rabelo

5 de julho de 1982: esse dia foi o 16 de julho de 1950 de minha geração. Adolescente na flor dos sonhos de me tornar craque e destaque em Copas do Mundo, como todos os garotos daquele tempo eu colhia inspiração no futebol de uma Seleção Brasileira espetacular. Para dar uma dimensão daquele time, lembremos apenas o seu meio-campo: Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Era sublime vê-los jogar juntos.

E veio a Copa da Espanha. Tínhamos certeza de que o Brasil seria campeão, pois nosso time era muito superior aos demais. Depois de uma primeira fase brilhante, arrasamos a Argentina de Maradona. Que viesse a Itália, time que chegara à Copa meio trôpego, com jogadores e dirigentes respondendo na Justiça por envolvimento com a corrupção futebolística. Entre eles, um jogador até então relativamente obscuro que chegara a passar algum tempo preso: Paolo Rossi.

Como em 1950, entramos em campo tranqüilos demais, certos de que daríamos mais um show de bola e obteríamos outra vitória inapelável. Mas os deuses dos gramados resolveram nos dar outra lição. Com Rossi num dia de conto de fadas, forte marcação e saídas rápidas no contra-ataque, além de uma péssima jornada de nosso sistema defensivo, a Itália nos derrotou por 3x2. Bastaria-nos apenas o empate, e por duas vezes empatamos – na segunda, com o jogo já se encaminhando para o final. Mas queríamos a vitória e partimos para o ataque, tomando um inacreditável terceiro gol.

Cobrança de falta de Éder no fatídico jogo contra a Itália


Chorei naquele dia e odiei o futebol por ser, como a vida, às vezes tão injusto. Para completar, aquela derrota nos mergulhou de vez no clima de descrença e no baixo astral dos anos 80, a posteriormente chamada “década perdida”.

Numa bela crônica sobre o sentimento que tomou conta do país depois da partida, Carlos Drummond de Andrade escreveu: “a derrota, para a qual nunca estamos preparados, de tanto não a desejarmos nem a admitirmos previamente, é afinal instrumento de renovação da vida.” Sim, talvez 1950 nos tenha renovado e amadurecido para as glórias de 58, 62 e 70, assim como 1982 para os triunfos de 94 e 2002. Nesses dois momentos trágicos da história do futebol brasileiro, se, como Édipos, investigássemos as razões de nossa desgraça, as encontraríamos em nós mesmos, em nossa desmedida, em nosso dever de ganhar e apresentar sempre um jogo bonito. Mas essa é a tradição e o espírito do futebol brasileiro. Esse foi o preço a pagar para nos tornarmos pentacampeões do mundo e produzirmos jogadores excepcionais como Friedenreich, Leônidas, Domingos da Guia, Zizinho, Ademir, Pelé, Garrincha, Jairzinho, Reinaldo, Zico, Romário, Ronaldinho Gaúcho e tantos outros.

O tempo correu e vencemos em 94, com um time sofrível, e em 2002, com um time mediano. Mas para mim e para os de minha geração, a Seleção de 1982 continua sendo a melhor que vimos jogar.


* Texto escrito após a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo de 2006, após perder de 1x0 para a França. A Seleção chegou à Alemanha como favorita, mas foi derrotada pela desorganização dos dirigentes, o comportamento de prima-dona de alguns jogadores e a arrogância do técnico. Resultado: o time não jogou nada desde a primeira partida e frustrou as grandes expectativas colocadas sobre ele.



9 comentários:

Anônimo disse...

Me lembro desse time, que foi inesquecível. O meio-campo era realmente sublime. Obrigado pela lembrança daquele futebol-arte.

Anônimo disse...

Ridículo ficar se lembrando de um time perdedor quando somos penta-campeões mundiais. E ainda fala mal dos times de 94 e 2002...

Anônimo disse...

Adriano, a melhor seleção brasileira de todos os tempos foi esta: Félix, CArlos Alberto, Brito, Pizza e Everaldo, Clodoaldo, Gerson e Pelé, Jarzinho, Tostão e Rivelino. Você é muito jovem. Por isso não a viu jogar, senão teria uma opinião diferente. De todo modo, a seleção de 82 também era excepcional.

Anônimo disse...

Esta é para mim também, a melhor seleção que vi jogar. Aquele time era bom demais: Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior, Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico, Serginho Chulapa e Éder.

Anônimo disse...

Muito interessante a associação que vc faz entre aquela derrota e a ressaca dos anos 80 no Brasil. Nunca havia pensado nisso.

Anônimo disse...

Muito interessante a associação que vc faz entre aquela derrota e a ressaca dos anos 80 no Brasil. Nunca havia pensado nisso.

Anônimo disse...

A melhor selecção do Brasil,formada por jogadores que vi jogar ao longo dos anos.
Onze ideal

1-TAFFAREL (Galatasaray)
2-JORGINHO (Bayern Munique)
3-BRANCO (FC Porto)
4-LUISINHO (Sporting Portugal)
5-RICARDO GOMES (SL Benfica)
6-TONINHO CEREZO (AS Roma)
7-SÓCRATES (Fiorentina)
8-FALCÃO (AS Roma)
9-CARECA (Nápoles)
10-ZICO (Flamengo)
11-ROMÁRIO (FC Barcelona)

Suplentes

12-DIDA (AC Milão)
13-RICARDO ROCHA(Sporting Portugal)
14-ALEMÃO (Nápoles)
15-RIVALDO (FC Barcelona)
16-RONALDO (FC Barcelona)

Treinador

TÉLÉ SANTANA

RENATO disse...

minha melhor seleção brasileira será formada somente por atletas que vi atuar.
1-LEÃO
2-LEANDRO (EX-FLA)
3-OSCAR
4-LUIS PEREIRA
6-MARINHO CHAGAS
5-FALCÃO
8-CHICÃO
10-PELÉ
11-RIVELINO
9-RONOLSDO FENOMENO
7-ZICO

RENATO disse...

minha melhor seleção brasileira será formada somente por atletas que vi atuar.
1-LEÃO
2-LEANDRO (EX-FLA)
3-OSCAR
4-LUIS PEREIRA
6-MARINHO CHAGAS
5-FALCÃO
8-CHICÃO
10-PELÉ
11-RIVELINO
9-RONOLSDO FENOMENO
7-ZICO